Dia do professor
Clotilde Tavares | 15 de outubro de 2009De todas as coisas que faço e fiz na vida, e eu garanto que são muitas, talvez a que goste mais de fazer seja ensinar. Ensinar, dar aulas, para mim, é uma das atividades mais importantes a que uma pessoa pode se dedicar. Não é simplesmente ensinar uma técnica, ou passar um conhecimento qualquer. Para mim ensinar é compartilhar experiências. Esse processo é uma coisa tão rica, tão fermentadora de novas idéias, de novas visões, de novos e maravilhosos insights, nos arremessando sempre a um nível mais elevado de existência, que não compreendo como é que ainda não existe a terapia do ensino.
Para mim, a sala de aula sempre funcionou como uma experiência quase transcendental de relação com o outro, de comunhão através das idéias. Por mais chateada, doente, ou estressada que estivesse, ao entrar na sala de aula sempre experimentei uma grande felicidade, e essa é uma das grandes perdas que eu tive com a aposentadoria. Procuro contrabalançá-la dando palestras aqui e ali, me comunicando com os jovens, mantendo viva a cpacidade de aprender/ensinar.
Como professora que fui/sou desde a minha juventude, penso que ninguém ensina nada a ninguém. As pessoas aprendem quando estão motivadas para isso e acho que essa é a verdadeira função do professor: motivar seus alunos a experimentarem a aventura do conhecimento. Eu gostava de dizer que meu objetivo como professora era “plugar” o meu aluno no Universo, coisa que a maioria não consegue fazer sozinho. Quando eu conseguia com que ele “se ligasse”, o trabalho estava feito, e daí em diante era só orientar a leitura, compartilhar experiências e conhecimentos, e ver o milagre daquela mente jovem descobrindo o Mundo.
Sempre tive dedicação integral aos meus alunos. Sempre acreditei que, como o professor de natação, qualquer professor não pode ficar na borda da piscina: tem que cair na água junto com o discípulo, e sempre estar disponível quando ele precisar. Aqueles que foram meus alunos e que lêem essas linhas sabem o que estou dizendo e é com prazer que os encontro no cotidiano, aqui e ali, já profissionais, e fico feliz de saber que contribuí para a construção daquele ser humano tão especial.
Como falei no início, ensinar é uma coisa tão rica e tão excitante que não sei como os médicos ainda não inventaram a terapia do ensino. Está estressado, doente, entediado, ansioso, angustiado? Dedique-se a ensinar a alguém qualquer coisa que você saiba fazer, qualquer conhecimento que você domine. Seja lá o que for, compartilhe com alguém. Garanto que você vai se sentir muito melhor.